Encerramento da USAID em Moçambique Pode Deixar 2.500 Pessoas Desempregadas



O encerramento das operações da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em Moçambique poderá deixar cerca de 2.500 trabalhadores no desemprego, segundo revelou esta quinta-feira a ministra do Trabalho, Gênero e Acção Social, Ivete Alane.

A decisão da USAID de cessar globalmente as suas atividades marca o fim de uma era de apoio a centenas de projectos em áreas como saúde, educação e resposta humanitária em Moçambique e em dezenas de outros países em desenvolvimento.

Impacto directo no emprego e na economia local

Durante a sua intervenção, Alane indicou que, com o encerramento, está previsto o corte de milhares de postos de trabalho:

“Do último encontro que tive com o grupo das organizações que se beneficiavam do financiamento, falavam de 2.500 postos, e acredito que deve ser mais ou menos isso.”

Face à gravidade da situação, a ministra defendeu que a única forma sustentável de mitigar os efeitos será o fortalecimento da economia nacional. “Considerando que os empregos são perdidos, e isso é um problema, a nossa expectativa é que a economia floresça para se poder produzir empregos em Moçambique”, afirmou.

Projetos comprometidos e críticas internacionais

A decisão da USAID já havia sido alvo de preocupação. Em fevereiro, o embaixador dos EUA em Moçambique alertou, através de um telegrama diplomático, que a ausência da agência comprometeria 114 iniciativas activas de financiamento e deixaria em situação incerta 225 trabalhadores juniores.

A comunidade internacional também reagiu com indignação. Os ex-presidentes norte-americanos Barack Obama e George W. Bush criticaram publicamente o encerramento, atribuído à administração Trump. O cantor Bono chegou a recitar um poema emocionado num evento de despedida.

Estudo alerta para consequências globais

Um estudo publicado na revista The Lancet e coordenado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) estima que os cortes de financiamento norte-americano podem resultar em mais de 14 milhões de mortes evitáveis até 2030. O relatório destaca o papel essencial da USAID na redução da mortalidade por VIH/SIDA, malária e outras doenças tropicais negligenciadas.

Criada em 1961 pelo então presidente John F. Kennedy, a USAID tornou-se uma das maiores fontes de assistência externa do mundo, influenciando positivamente o desenvolvimento de diversas nações. Com o seu desaparecimento, Moçambique enfrenta um novo desafio no campo da assistência humanitária e desenvolvimento.

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