Um novo relatório publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lança um alerta preocupante sobre a realidade da infância em Moçambique: 77% das crianças vivem em situação de pobreza e uma em cada quatro meninas sofre violência física antes de atingir a maioridade.
O estudo, intitulado “Pobreza Infantil Multidimensional em Moçambique (2014/15–2022)”, avalia as privações que afetam os direitos fundamentais das crianças no país. De acordo com os dados, dos 16,4 milhões de crianças moçambicanas, aproximadamente 13 milhões vivem na pobreza – seja ela monetária, multidimensional ou ambas.
Pobreza multidimensional infantil atinge 6,8 milhões de crianças
O relatório revela que cerca de 6,8 milhões de crianças (41,3%) não têm acesso pleno aos seus direitos básicos, como saúde, nutrição, educação e proteção. Embora tenham sido registadas melhorias marginais entre 2014/15 e 2022, a UNICEF considera que a situação continua crítica e requer medidas urgentes.
Para responder à gravidade do problema, a agência das Nações Unidas defende o reforço imediato da força de trabalho social no país, sublinhando a necessidade de mais profissionais para garantir o bem-estar e a proteção das crianças.
Grupos armados e violência contra crianças em Cabo Delgado
Enquanto isso, a crise humanitária em Cabo Delgado continua a agravar a vulnerabilidade infantil. Em 24 de junho, a Human Rights Watch apelou ao Governo de Moçambique para travar os raptos de crianças realizados por grupos terroristas que atuam na província desde 2017. Segundo a ONG, estas crianças são frequentemente usadas em trabalhos forçados e expostas a abusos graves.
Num dado ainda mais alarmante, Moçambique foi o segundo país com maior aumento percentual de violações graves contra crianças em contextos de conflito armado em 2024. O número subiu 525% em relação ao período anterior, ficando atrás apenas do Líbano, de acordo com o relatório anual do secretário-geral da ONU sobre Crianças e Conflitos Armados.
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